sábado, 16 de março de 2013

Digerindo o pensamento defumado ( ou duas verdades por uma mentira verdadeira )
























Para iniciar a dissecação da ação da colonização do pensamento, faz-se aqui necessário e pertinente a análise do que vou chamar aqui de entidade abstrato/concreta do conhecimento que conhecemos simploriamente como VERDADE. Inicio com as definições ordinárias de verdade:
ver.da.de

sf (lat veritate) 1 Aquilo que é ou existe iniludivelmente. 2 Conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas. 3 Concepção clara de uma realidade. 4 Realidade, exatidão. 5 Sinceridade, boa-fé. 6 Princípio certo e verdadeiro; axioma. 7 Juízo ou proposição que não se pode negar racionalmente. 8 Conformidade do que se diz com o que se sente ou se pensa. 9 Máxima, sentença. 10 Cópia ou imitação fiel. 11 Representação fiel de alguma coisa existente na natureza. 12 Caráter próprio. 13 Princípios fundamentais de uma doutrina. Meia verdade: afirmação parcialmente verdadeira ou parcialmente urdida, de modo a iludir pessoas ou escapar a críticas. V. verdade: a verdade primeiro que tudo; diga-se a verdade, salve-se a verdade. Dizer a verdade nua e crua: falar sem ambages, sem disfarce, sem rodeios. Dizer as verdades a alguém: a) expor abertamente o que se sabe ou se julga de alguém; b) criticar sem medo; c) manifestar os defeitos ou as faltas de alguém. Ser a pura verdade: ser a verdade clara e positiva, ser a verdade incontestável. Ser a verdade em pessoa: nunca mentir. Tirar a verdade a limpo: averiguá-la. Valha a verdade: diga-se a verdade. Verdade é que: na realidade.De fato, a palavra verdade pode ter vários significados, desde ser o caso, até estar de acordo com os fatos ou a realidade, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos abarcavam o sentido de fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, a verdade pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção. Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define ou aceita a definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza da definição da mesma ( ler A filosofia do Martelo ). Foucault utiliza-se de alguns textos de Nietzsche para diferenciar o saber e o conhecimento. Segundo ele, origem ( que tem relação com uma das definições de verdade ) difere de invenção. É tudo o que foi inventado pelo homem, e tem como objetivo alguma relação de poder. A dominação de uns sobre os outros. Estas invenções incluem o conhecimento, a religião, os ideais, os sistemas, etc. Aquilo que revelar mais nitidamente as relações de poder é o que tende a estar mais próximo da verdade. Na real, a primeira problemática filosófica que nos deparamos é como estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa. Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade ( que cognitivamente se estabelece aqui através do conceito de propriedade ). Há ainda o problema epistemológico ( epistemologia é um ramo da filosofia que trata da origem, estrutura, métodos e validades do conhecimento) do conhecimento da verdade. A verdade de saber que se está com dores de estomago é diferente da verdade de saber que a conta de luz vencida está sobre a mesa. Há ainda a reflexão teórica e epistemológica desenvolvida por Boaventura que se desenvolve nas obras Para uma sociologia das ausencias e sociologia das emergencias; Para além do pensamento abissal; e A crítica da Razão Indolente contra o desperdício da experiencia, que discorre sobre a hegemonia do pensamento ocidental como verdade absoluta e como essa hegemonia tem dissolvido a potencialidade das experiencias atuais. Com base Temporal essa razão/verdade dilui o presente em nome do passado e sobre as especulações do futuro, expande o passado e o futuro comprimindo o presente e relegando-o a uma passividade em ralação a esses dois. Cito um exemplo do próprio Boaventura para melhor entendimento dessa reflexão: Um europeu visita a África e ao ver um colono no campo com enxada na mão, diz que ali há um homem primitivo. Primeiro por estar cultivando a terra com um instrumento tecnologico antiquado,assim relega-o ao passado por achar que em tempos atuais contemporaneo é cultivar com tecnologia moderna e computadorizada, sendo assim julga uma experiencia atual e legítima por um ideal indolente de contemporaneidade do mesmo modo que a desperdiça como experiencia atual. É o que Boaventura chama de Razão Indolente, e se forma de um todo apartir de 4 elementos: A razão Impotente, aquela que não se exerce por que pensa que nada pode fazer contra uma necessidade concebida como exterior a ela própria; A razão arrogante, que não sente necessidade de exercer-se por que se imagina incondicionalmente livre, assim, livre da necessidade de demonstrar sua própria liberdade; A razão metonímica, que se reivindica como única forma de racionalidade, assim, não se aplica a descobrir outras formas de racionalidade, se a faz, é apenas para torna-la em matéria prima; e a razão proléptica,que não pensa no futuro por que julga já sabe-lo e o concebe como uma superação linear e automática do presente.No final me confundo sobre as definicoes de verdade e quase misturo-as com mentiras verdadeiras e proponho um jogo simples pra nao dizer ingenuo:
Qual das alternativas abaixo é verdadeira apenas por exercício da verdade em si?

a) Dança Contemporanea ( )
b) Ballet Clássico ( )
c) Dança da garrafa ( )
d) Dança do patinho ( )
e) Todas as alternativas abaixo ( )
f) Todas as alternativas acima ( )

3 comentários:

  1. Exercício da verdade segundo Foucalut, Boaventura, Aurélio, Nietzsche ou lugar comum? Ingenuamente penso que todas as opções aí trazem em si uma verdade, que tentam levar ou que as leva para a prática.
    A verdade do questionamento, da confortável mediocridade, da busca pela perfeição, do penca e do pendenga? Que seja.

    Mas de fato, eu estou muito curiosa pra saber o que é a dança do patinho. :)

    Dani S.

    ResponderExcluir
  2. a danca do patinho dani, foi inventada pela galera do funk e do rap carioca, e uma apropriacao das dancas disso e daquilo outro mas num contexto de politica contra o sistema. A dancao do patinho e do B negao. Tem ainda a danca do roubado, a danca do robo, e a danca do bandido.

    ResponderExcluir
  3. ...Não consigo parar de pensar no subtítulo "crítica da razão indolente CONTRA O DESPERDÍCIO DA EXPÊRIENCIA" e me perguntar como repor a experiÊncia no lugar dela? como propor no cotidiano actual a revalidação da experiÊncia , sem voltar para o passado em que ela existia tambem pela falta de alternativas? então: como valorizar a experiÊncia ao mesmo nível que as alternativas e desenvolvimento em todos os campos de hoje? sim ... começa-se a esboçar na minha mente uma proposta ideólogica...
    inez

    ResponderExcluir